Parque Estadual da Costa do Sol tem novo gestor após 79 dias com cargo desocupado

Parque Estadual da Costa do Sol tem novo gestor após 79 dias com cargo desocupado

O Instituto Estadual do Ambiente – INEA – nomeou o Agente de Defesa Ambiental, Ranieri Ribeiro, para assumir a chefia do Parque Estadual da Costa do Sol (PECS), conforme publicação do Diário Oficial no dia 3 de setembro. O cargo estava vazio desde o dia 17 de junho, quando o então chefe do parque, Marcelo Morel, teve seu pedido de exoneração aceito pela instituição. Durante o período sem chefia, precisamente 79 dias, a gestão do PECS ficou sob responsabilidade direta da Gerência de Unidades de Conservação do INEA (GEUC), comanda pelo experiente gestor Andrei Veiga.

Próximo de completar 10 anos, o PECS se tornou um grande desafio de gestão ambiental. Seu território fragmentado e de valor imobiliário elevado, somado a precariedade da estrutura operacional, gera uma série de obstáculos para sua conservação. Neste período sofreu toda sorte de agressões: invasões, incêndios, caça, extração mineral, supressão de vegetação, pressões políticas e econômicas e até mesmo irregularidades cometidas por um dos seus gestores, hoje investigado pelo Ministério Público Estadual.

O novo chefe assumirá a unidade em meio as dificuldades para sua estruturação e sob intensa atuação do Conselho Consultivo, formado por entidades civis e governamentais. O Plano de Manejo, documento que norteia a gestão, foi concluído recentemente graças a judicialização proposta em Ação Civil Pública pelo Ministério Público, que, por sua vez, foi provocado por membros do conselho insatisfeitos com a morosidade na elaboração do plano. Grupos de trabalho foram criados por voluntários com objetivo de realizar os planos setoriais, como, por exemplo, de regularização fundiária, de uso público, de comunicação e sinalização e o já quase concluído relatório para redelimitação dos perímetros do Parque.

Para enfrentar este novo desafio em sua carreira, Ranieri Ribeiro, 42 anos, conta com experiência na área ambiental e no serviço público. Formado como técnico em administração e prestes a concluir graduação em gestão ambiental, atuou na Guarda Marítima e no Departamento Administrativo da Prefeitura Municipal de Cabo Frio, sua cidade natal. Como Agente de Defesa Ambiental do PECS desde 2018, participou de operações de campo comandadas pelo ex chefe Marcelo Morel.

Em conversa informal com conselheiros da unidade, onde transpareceu estar bastante motivado para o exercício do cargo, Ranieri disse que vai precisar de união para chefiar a unidade. “Tem muita coisa boa para ser feita. Precisamos formar parcerias com prefeituras, unidades de ensino e a sociedade civil de forma geral. A participação do Conselho Consultivo é fundamental”, concluiu Ranieri.

Para Roberto Noronha, secretário executivo do Conselho Consultivo do PECS, a expectativa para o novo gestor é positiva. ” Espero que o novo gestor faça uma boa parceria com o Conselho Consultivo no cumprimento dos objetivos do Parque, estabelecidos no ato de sua criação em 2011, e que ainda é um grande desafio”, disse Roberto. “Ao meu ver, seus esforços deverão priorizar a fiscalização, a elaboração e execução dos planos setoriais, a transparência nas ações do INEA e a efetivação da co-gestão, na qual os municípios (poder público) devem ter participação significativa na gestão do PECS”.

Raniere também terá o desafio de manter a ordem estabelecida por Marcelo Morel, ex-chefe da unidade e atual pré-candidato ao executivo de Búzios. Quando assumiu a chefia em 2018, com o Parque completamente desmoralizado pelas irregularidades da gestão anterior, Morel desenvolveu bom relacionamento com o Ministério Público, as forças de segurança e instituições regionais. Dessa forma viabilizou operações que resultaram na demolição de mais de 400 construções clandestinas dentro do Parque. Sua determinação e coragem foram fundamentais para o enfrentamento de grupos criminosos, com a participação até mesmo de agentes públicos.

“Minha experiência com Ranieri foi de respeito e designação de tarefas”, disse Morel. “Por causa da sua experiência de mar, não demorei para pedir que fizesse um levantamento de custos para fiscalização marítima. E ele fez o dever de casa. É um ciclista de bem com a vida, tem comportamento respeitoso com os colegas e teve várias experiências na área ambiental. Espero que faça uma boa gestão de transição. É uma pessoa de boa fé”, concluiu Morel.